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Marie Bernarde Soubirous (Bernardete) nasceu em Lourdes a 07.01.1844, região montanhosa dos Pirineus.
Filha de Francisco e Ludovica Casterot.
Dois dias de nascida, foi batizada e recebeu o nome de Marie Bernarde Soubirous.
Pobre, crescia sem doutrina humana alguma, mas em suavíssima simplicidade de costumes e admirável candura de espírito, querida por Deus e pela Santíssima Virgem Mãe, que observou a humildade de sua filha e dignou a inocente menina, entre 11 de Fevereiro a 16 de Julho de 1858, de 18 aparições e de Celestes Colóquios.
A santíssima Mãe de Deus, para conferir aos homens mais uma de suas infinitas graças, e confundir o que no mundo se julga forte, escolheu um instrumento, à preferência de outros, débil, segundo a divina economia que São Paulo exalta: "Deus escolheu o que é fraco no mundo, para confundir os fortes" (1Cor 1,27). Este instrumento era Maria Bernarde Soubirous (Bernardette), nome hoje caríssimo e celebérrimo no mundo inteiro, mas naquele tempo, aos quatorze anos, de todos era desconhecida. - “um dogma recém proclamado, o dogma da "Imaculada Conceição" firmado há menos de quatro anos por Pio IX (1854) que, pelas dificuldades de comunicação da época, estava restrito ao conhecimento ainda dos setores mais elevados da Igreja.”
De 16 de Junho de 1858 à Junho de 1866, iniciou sua viagem para entrar no Convento de Saint Gildard em Nevers, conviveu com as Irmãs do Hospício, na sua cidade, frequentou a escola, adquiriu um pouco de instrução e exercitou um profícuo apostolado junto aos doentes internos.
Foi assediada por diversas Ordens Religiosas, cada uma desejava que ela entrasse em sua Comunidade. Mas inicialmente, preferiu continuar ao lado dos pais e irmãos. Com o passar do tempo e o sempre crescente número de visitantes, Bernadete sentiu necessidade de isolar-se, para poder trabalhar, para ser útil de alguma forma e não ficasse apenas como um objeto de admiração pública. Pensava em ingressar num Convento, mas havia outros problemas que interferia e dificultava: a asma crônica, sua pobreza que não lhe permitia ter um dote e a falta de instrução.
Com o passar dos meses, a convivência em casa estava impossível, diante da procura por ela, decidiu-se escrever para Nevers pedindo autorização para entrar no Convento onde foi aceita de imediato.
- Em 07.07.1866, às 22 horas e 30 minutos, desembarcava na Estação Ferroviária de Nevers, acompanhada de mais duas postulantes, Maria e Leontina, e de duas Superioras da Comunidade.
- Em 29.07.1866, entrou na Congregação das Irmãs da Caridade (em Nevers).
- Em 30.10.1867, fez a sua "Profissão de Fé". Sua voz era firme e sem afetação. Compromete-se por toda a vida a praticar a pobreza, a castidade, obediência e caridade.
Foi escolhido para ela o emprego da Oração e auxiliar na Enfermaria da Casa Mãe.
Como Irmã, era enfermeira e cuidava de doentes.
- Em 08.12.1867, teve uma grande tristeza com a morte de sua mãe Luiza, aos 41 anos.
Bernadete encontrou em sua vida de Convento as dificuldades naturais que o ciúme pode causar a algumas pessoas, por ter sido ela a preferida da Virgem Mãe, apesar de ser tão modesta, simples e sem qualquer instrução.
Com muito sofrimento, um imenso amor pelo próximo, um perseverante espírito de disciplina e obediência inigualáveis, conseguiu superar todos os momentos difíceis.
Respeitosamente, acatava as decisões e as ordens das Superioras, mesmo que às vezes denotassem excesso de rigor ou que fossem na maioria das vezes ofensivas, aceitando-as sem discuti-las, com um singelo sorriso.
Com a morte da Enfermeira Chefe Irmã Marta a 8 de Dezembro de 1872, por iniciativa própria, assumiu a responsabilidade da Enfermaria, sem nomeação das Superioras, tomando sobre si todas as tarefas e atribuições da função. Organizou a Enfermaria, colocou rótulos nos produtos relacionou as diversas poções, escrevendo as fórmulas, tudo com capricho e interesse. Com atenção e carinho atendia a todas que necessitavam de seus serviços.
- Em 04.03.1871, recebeu um telegrama com a notícia da morte de seu pai. Chorou muito, com imensa saudade dele. Dias depois escreveu à Maria sua irmã: "Venho chorar contigo. Fiquemos no entanto, submissas, embora bem desgostosas, à mão paternal que nos bate tão duramente há algum tempo. Levemos e beijemos a Cruz".
- Em 03.06.1873, tem uma recaída muito séria. Ninguém duvida de sua morte certa, mas recebe a Extrema Unção, pela terceira vez. No entanto, dias depois, melhorou e voltou a rir e a ter disposição para o seu trabalho na Enfermaria.
- Em 11.12.1878, deita-se definitivamente na sua "Capela Branca", como chamava o seu leito na sala da enfermaria, devido a um grande cortinado branco que o envolvia. Colocou próximo a Imagem de São Bernardo de Claraval, seu padrinho de batismo.
Padre Febvre, seu último confessor e que constantemente estava em sua companhia, enumera as suas enfermidades: - "Uma asma crônica, dilacerante do peito, acompanhada de vômitos de sangue que duraram dois anos. Tinha aneurisma (desenvolvimento da aorta), uma gastralgia, um tumor no joelho... Enfim, durante os dois últimos anos, a cárie dos ossos, de forma que seu pobre corpo era o receptáculo de todas as dores. Também, formaram-se abcessos nos ouvidos da Irmã Maria Bernarde que a afligiram com uma surdez parcial que lhe foi muito custosa e não cessou senão algum tempo antes da morte.
- Em 22.09.1878, faz seus "Votos Perpétuos" e os sofrimentos redobram de intensidade e não cessam senão com a morte. A sua ambição, que escondia e não permitia que as pessoas soubessem, era o seu imenso desejo de ser uma vítima para Coração de Jesus.
- Em 28.03.1879, pela quarta vez recebeu a Extrema Unção e diz: "Curei-me todas as vezes que a recebi".
Depois do Santo Viático ministrado pelo Padre Febvre, disse: "Minha querida Madre, peço-lhe perdão por todos os sofrimentos que lhe causei, com minhas infidelidades na vida religiosa e peço também perdão às minhas companheiras dos maus exemplos que lhes dei... sobretudo com o meu orgulho!"
Tão pura e com tanto amor a Deus e à Virgem Maria, tinha receios, mesmo involuntariamente, de Os ofender. Isto transformou para ela num grande drama moral, que a atordoou bastante, nos últimos dias de vida.
Durante a Semana Santa, celebrada de 6 à 13 de Abril, os escarros agravaram-se e ela pede um "alívio". "Se pudesse encontrar na sua farmácia qualquer coisa para aliviar os meus rins, estou toda esfolada".
Em outra ocasião pede: "Procure então, nas suas drogas... qualquer coisa para me fortificar. Não tenho forças nem para respirar. Mande-me vinagre bem forte para cheirar".
Depois mandou tirar todas as imagens e estampas de Santos que ornavam o seu quarto; "Este me basta" (mostrando o Crucifixo).
- Em 16.04.1879, às 15 horas, - depois de um intenso e penoso sofrimento que impuseram seus diversos males, "fez um grande Sinal da Cruz, pegou no copo contendo a bebida fortificante que lhe apresentaram, tomou por duas vezes algumas gotas e inclinando a cabeça, entrega docemente a sua alma". Morre, aos 35 anos.
Viveu como manda o Evangelho e ofereceu exemplos de vida para todas ocasiões e para o mundo viver o conteúdo da mensagem Divina, que ela recebeu na gruta de Massabieille: "Pobreza, Oração e Penitência". 0 seu encanto transparece mais visível e brilhante, nos milagres que ocorreram por sua intercessão e que fizerem com que ela fosse proclamada Santa, antes mesmo de ser canonizada.
- Em 1933, o Papa Pio XI a declarou Santa.
Depois de sua morte, os milagres multiplicaram-se em torno de seu túmulo, com uma frequência notável.
Os muros de sua capela funerária estão hoje repletos de "ex-votos", emblemas vivos de sua eficaz mediação junto à Mãe de Deus. Ela também fazia maravilhas ao longe, mesmo sem intervenção de relíquias e de imagens, tendo sem cessar, feito prevalecer a força e o poder do espírito.
- Em 22.09.1909, trinta anos após sua morte, foi aberto o caixão para reconhecer os despojos mortais. Seu corpo estava intacto, a tez estava branca.
- Em 13.04.1925, exumaram-na pela última vez, Bernadete, ainda intacta, parecia que estava adormecida. Cobriram sua face e suas mãos com cera e a colocaram sobre cetim, seda e rendas, na Capela, onde hoje encontra-se à veneração de todos, no Convento de Saint Gildard, em Nevers, na região do Loire, na França.